quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Um olhar sobre Educação a Distância


Perspetivando a construção do e-portfólio compilatório centrado no tema – Educação a Distância (EaD) – decorrente das leituras das referências disponíveis, pesquisas efetuadas e das considerações evidenciadas neste bloco formativo, reforça-se a ideia que estamos perante uma ecologia educativa emergente, em fase de maturação nuns casos e de consolidação noutros e, onde prevalece uma certa polissemia quanto à sua conceção teórico-metodológica.
No essencial, pese embora a evolução assistida entre as várias gerações de EaD, será consensual reconhecer-se a co-existência de um conjunto de caraterísticas fundamentais, a saber: a sua flexibilidade espaço-temporal quanto às suas aprendizagens, a autonomia e a mediação tecnológica.
Neste contexto, importa acautelar a distinção entre e-Learning e educação aberta em rede, que na ausência de um conceito universal de e-Learning, e no amplo espectro de abordagens, culturas, contextos e práticas que a mesma se aplica, podemos socorrer-mo-nos da definição de Sangrá et al. (2011) citada e traduzida em Aires (2016 p. 256), como sendo uma modalidade de ensino e aprendizagens que pode representar o todo ou uma parte do modelo educativo em que se aplica, que explora os meios e dispositivos eletrónicos para facilitar o acesso, a evolução e a melhoria da qualidade da educação e formação.
Neste sentido, rejeita-se liminarmente a ideia, que o e-Learning assuma o papel de Educação a Distância (EaD), pois não será pelo facto de disponibilizar-se o acesso a websites lúdico-pedagógicos, documentos de suporte, entre outros, seja EaD, por este último comportar uma organização, metodologia, referenciais normativo-científicos e mediação, conforme bem preconiza Gonçalves (… p. 4) e-Learning é uma forma de EaD, mas EaD não será necessariamente e-Learning, por este último ser mais circunscrito.
Por seu turno, entende-se por educação aberta em rede, seja ela através das redes formais e informais de aprendizagem social e colaborativa, que está amplamente facilitada pelo acesso às tecnologias digitais e, seguindo o entendimento de Dias (2013), o valor nas novas acessibilidades de acesso à educação aberta, reside, precisamente, no desenvolvimento das capacidades para a reflexão e a construção do pensamento colaborativo, ao qual acrescentaríamos, e transpostas numa praxis de aquisição conjunta de aprendizagens e conhecimento.
Portanto, este paradigma pressupõe uma maior pro-atividade dos indivíduos, em contra-ponto com os ambientes formais, caraterizados estes, salvo raras exceções, por um modelo sobretudo centrado no professor e não propriamente no aluno.
Conforme cita a Sara Trindade e, numa alusão assertiva a Dias (2008), a educação aberta em rede não se pode restringir a um mero repositório de conteúdos (abertos e disponíveis online). Este tipo de educação deve constituir-se num sistema de organização ativa da informação, viva e dinâmica, enquanto produz conhecimento, aplica ou resolve os problemas que forem sendo apresentados pela comunidade.
Para o desenvolvimento e assunção clara da Educação a Distância (EaD), esta exige que para a existência do diálogo bidirecional (professor-aluno) seja efetivamente alcançado, será necessário que a estrutura dos currículos educativos inclua a flexibilidade em relação às formas do processo ensino-aprendizagem, para que conjuntamente, professor e aluno, decidam o que estudar e quais os caminhos a seguir, o que implica um sistema educacional/vocacional, focalizando o aprendente como um construtor do seu próprio conhecimento gradativo.
Assim, a boa prática de EaD deverá estabelecer estratégias que privilegiem a manutenção do diálogo, na perspetiva de se atingir com maior facilidade a autonomia do aluno com capacidade de tomar decisões a respeito de seu próprio percurso de aprendizagem, induzindo ao mesmo tempo, como refere e bem a Lara Caeiro, a dimensão da reflexividade, que incentiva à liberdade de pensamento crítico, centrado numa atitude dinâmica, de autodisciplina que pressupõe um processo de investigação, reflexão, opinião e comparação.
Em suma, as atuais ferramentas digitais constituem um potencial imprescindível para a consolidação da EaD, por permitirem a exploração de múltiplos campos abertos, com acessos multiformes, possibilitando por essa via, o empreendimento de novas práticas pedagógicas, centradas numa abordagem construtivista, tendo como finalidade um bem sucedido processo de aprendizagem e do próprio desenvolvimento humano.

Referências:
  • Aires, L. (2016). e-Learning, Educação Online e Educação Aberta: Contributos para uma reflexão teórica. CEMRI. Universidade Aberta.
  • Dias, P. (2013). Inovação pedagógica para a sustentabilidade da educação aberta e em rede. Universidade Aberta.
  • Gonçalves, V. (…). e-Learning: Reflexões sobre cenários de aplicação. Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Bragança.

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