Perspetivando
a construção do e-portfólio compilatório centrado no tema –
Educação a Distância (EaD) – decorrente das leituras das
referências disponíveis, pesquisas efetuadas e das considerações
evidenciadas neste bloco formativo, reforça-se a ideia que estamos
perante uma ecologia educativa emergente, em fase de maturação nuns
casos e de consolidação noutros e, onde prevalece uma certa
polissemia quanto à sua conceção teórico-metodológica.
No
essencial, pese embora a evolução assistida entre as várias
gerações de EaD, será consensual reconhecer-se a co-existência
de um conjunto de caraterísticas fundamentais, a saber: a sua
flexibilidade espaço-temporal quanto às suas aprendizagens, a
autonomia e a mediação tecnológica.
Neste
contexto, importa acautelar a distinção entre e-Learning e educação
aberta em rede, que na
ausência de um conceito universal de e-Learning,
e no amplo espectro de abordagens, culturas, contextos e práticas
que a mesma se aplica, podemos socorrer-mo-nos da definição de
Sangrá et
al. (2011) citada e traduzida em Aires (2016 p. 256), como sendo uma
modalidade de
ensino e aprendizagens que pode representar o todo ou uma parte do
modelo educativo em que se aplica, que explora os meios e
dispositivos eletrónicos para facilitar o acesso, a evolução e a
melhoria da qualidade da educação e formação.
Neste
sentido, rejeita-se liminarmente a ideia, que o e-Learning assuma o
papel de Educação a Distância (EaD), pois não será pelo facto de
disponibilizar-se o acesso a websites lúdico-pedagógicos,
documentos de suporte, entre outros, seja EaD, por este último
comportar uma organização, metodologia, referenciais
normativo-científicos e mediação, conforme bem preconiza Gonçalves
(… p. 4) e-Learning é uma forma de EaD, mas EaD não
será necessariamente e-Learning,
por este último ser mais circunscrito.
Por
seu turno, entende-se por educação
aberta em rede,
seja ela através das redes formais e informais de aprendizagem
social e colaborativa, que está amplamente facilitada pelo acesso às
tecnologias digitais e, seguindo o entendimento de Dias (2013), o
valor nas novas acessibilidades de acesso à educação aberta,
reside, precisamente, no desenvolvimento
das capacidades para a reflexão e a construção do pensamento
colaborativo,
ao qual acrescentaríamos, e transpostas numa praxis
de aquisição conjunta de aprendizagens e conhecimento.
Portanto, este
paradigma pressupõe uma maior pro-atividade dos indivíduos, em
contra-ponto com os ambientes formais, caraterizados estes, salvo
raras exceções, por um modelo sobretudo centrado no professor e não
propriamente no aluno.
Conforme cita a Sara
Trindade e, numa alusão assertiva a Dias (2008), a
educação aberta em rede não se pode restringir a um mero
repositório de conteúdos (abertos e disponíveis online). Este tipo
de educação deve constituir-se num sistema de organização ativa
da informação, viva e dinâmica, enquanto produz conhecimento,
aplica ou resolve os problemas que forem sendo apresentados pela
comunidade.
Para
o desenvolvimento e assunção clara da Educação a Distância
(EaD), esta exige que para a existência do diálogo bidirecional
(professor-aluno) seja efetivamente alcançado, será necessário que
a estrutura dos currículos educativos inclua a flexibilidade em
relação às formas do processo ensino-aprendizagem, para que
conjuntamente, professor e aluno, decidam o que estudar e quais os
caminhos a seguir, o que implica um sistema educacional/vocacional,
focalizando o aprendente como um construtor do seu próprio
conhecimento gradativo.
Assim,
a boa prática de EaD deverá estabelecer estratégias que
privilegiem a manutenção do diálogo, na perspetiva de se atingir
com maior facilidade a autonomia do aluno com capacidade de tomar
decisões a respeito de seu próprio percurso de aprendizagem,
induzindo ao mesmo tempo, como refere e bem a Lara Caeiro, a
dimensão da
reflexividade, que incentiva à liberdade de pensamento crítico, centrado numa atitude dinâmica, de autodisciplina que pressupõe um processo de investigação, reflexão, opinião e comparação.
Em suma, as atuais
ferramentas digitais constituem um potencial imprescindível para a
consolidação da EaD, por permitirem a exploração de múltiplos
campos abertos, com acessos multiformes, possibilitando por essa via,
o empreendimento de novas práticas pedagógicas, centradas numa
abordagem construtivista, tendo como finalidade um bem sucedido
processo de aprendizagem e do próprio desenvolvimento humano.
Referências:
- Aires, L. (2016). e-Learning, Educação Online e Educação Aberta: Contributos para uma reflexão teórica. CEMRI. Universidade Aberta.
- Dias, P. (2013). Inovação pedagógica para a sustentabilidade da educação aberta e em rede. Universidade Aberta.
- Gonçalves, V. (…). e-Learning: Reflexões sobre cenários de aplicação. Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Bragança.
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